Chegamos no dia 07 de junho em Santiago. Saímos do Galeão às 17:20h da tarde e no Rio de Janeiro começaram os percalços. Precisávamos da vacina contra Febre Amarela para podermos entrar na Bolívia, por isso, com a antecedência necessária(10 dias antes da viagem) tomamos nossas vacinas. Mas não adianta a Carteira de Vacinação brasileira, precisávamos do certificado internacional, expedido pela ANVISA. Onde encontramos o órgão? No Aeroporto, que sorte. Porém, em feriados abre até o meio dia. Depois disso, adeus carteira internacional de vacinação. Bom, saímos de Juiz de Fora às 10:20h e não conseguimos chegar a tempo.
Pegamos o voo da Lan, que foi uma surpresa, era um avião novo, confortável(a poltrona inclinava mais do que 5 graus, olha que belezinha) e não tive problemas com a pressurização. Chegamos em Santiago às 21:40h, de lá, sim, descobrimos apenas quando chegamos lá que o fuso era diferente(1h a menos). A primeira impressão quando chegamos ao desembarque foi "que espanhol estranho é esse?" e , como em toda área de desembarque, seja lá por que meio de transporte você chegue, a confusão de empresas de taxi, tranfer, etc. Mas o hostel que reservamos em Santiago (BellaVista Hostel), já havia reservado um tranfer que nos pegaria no Aeroporto e nos levaria para o Hostel. Depois da confusão básica de terem colocado apenas o nome da minha irmã na reserva, etc, fizemos um câmbio no aeroporto de R$100,00 apenas para sobreviver até o dia seguinte e para pagar o Tranfer(C$6000,00, cada). Chegamos ao hostel por volta das 22:30h. O Sr. que estava no Staff da noite era muito gentil, nos deu mapas e indicou o que poderíamos fazer no dia seguinte, além de nos indicar um lugar barato para matar a fome àquela hora da noite com pouco dinheiro. Bom, pra quem já foi no bairro Bella Vista vai saber, simplesmente naquele lugar não faltam opções de comida/bebida/balada. Por toda parte, ou em basicamente todas as casas, há uma portinha de restaurante ou bar. E cachorro quente(vianeses) em tudo quanto é lugar, custando desde C$500 até C$4000,00. Tem pra todos os gostos e, principalmente, pra quem curte Abacate e Aji(pimenta típica).
Fomos com a roupa que saímos do Rio, portanto, morremos de frio ao percorrer 2 quarteirões. O frio de Santiago parece ser mais gelado que o normal, até quando os termômetros não estão tão lá embaixo. Tá, depois que na verdade descobrimos o que é frio de verdade, mas nessa primeira parte da jornada, confesso que achei que estava congelando.
No segundo dia começamos com tudo, aquele gás de princípio de viagem tem que ser aproveitado. Acordamos por volta das 8:30h e, após o café, fomos em direção a Calle Ahumada, onde nos disseram que encontraríamos uma variedade de casas de câmbio. Trocamos dinheiro e, aliviadas, saímos andando pelo centro da cidade. Devido ao feriado, acho que ouvimos mais português que espanhol naquele dia. Sim, os brasileiro finalmente descobriram que existe algo alem de Buenos Aires na América Latina e decidiram invadir por ali também, que sorte a dos chilenos. Fomos à Plaza de Armas, nos encantamos com a Catedral, o Correio Central, nas encantadoras Ruas Paris e Londres, subimos o Cerro Santa Lucía (que, em tempo limpo, como o que tivemos sorte de pegar, vale MUITO a pena). E, finalmente, fomos à Estação de Metrô Plaza de Armas onde encontraríamos por sorte, standes da Turbus e da Pullman, as duas maiores empresas de ônibus intermunicipais do Chile que nos levaria para o Atacama. Nos planejamos para irmos de Turbus, pois era o mais recomendado, mas chegando lá não haviam lugares disponíveis para o dia 11/06, portanto, fomos a Pullman e deu tudo certo, tirando o fato que o ônibus nos levaria até Calama e em Calama conseguiríamos facilmente um ônibus para San Pedro de Atacama, nosso destino final. Com isso resolvido, voltamos ao hostel e compramos, na mesma rua, numa empresa chamada Ski Total, o passeio para o Valle Nevado(alugamos ali botas para neve também), que, se tivéssemos sorte, estaria nevado. À noite saímos para um bar na rua ao lado com uma colega de quarto de Curitiba que estava com alguns amigos passando o feriado em Santiago. O bar chamava La Constituicion e, depois de uns chopps de Stella Artois, virou uma boate maneiríssima só com gente bonita(algo raro em Santiago, diga-se de passagem) e, pra nossa surpresa, gringo não pagava pra entrar(como é bom ser gringo). Não ficamos muito pois o dia seguinte prometia cansaço;
Santiago
E tava nevado. No terceiro dia acordamos cedo e, conforme combinado, fomos para a agência que nos levaria à Cordilheira dos Andes e nas estações de ski. Chegando lá encontramos mais alguns brasileiros que iriam ver, assim como a gente, neve pela primeira vez. No início de junho não está nevaaado, nevado não. Mas está branquinho e dá pra escorregar. Fomos em um micro-ônibus. A subida é íngreme e interessante. A paisagem vai mudando e encantando. De verdade, fiz um regressão pras aulas de geografia e história do colégio, com a Cordilheira dos Andes, os picos nevados e toda aquela história de cidade cercada de cordilheiras, poluição, altitude e tudo mais. Vale muuuito à pena. Chegando lá parecia que só havia brasileiros naquele lugar. E toda a felicidade de ver gelo por toda parte. Levamos lanche e fizemos um piquenique nas montanhas geladas e foi ótimo, pois conforme nossos colegas de Curitiba, o restaurante que eles nos levam pra almoçar em um hotel em Farellones e é caro e ruim. Bom, não comemos lá e todos da excursão saíram reclamando. Antes de almoçar fomos ao centro Portillo que estava fechado, porém as maquinas de neve artificial já estavam funcionando e foi ali que brincamos de guerra de bolas de neve, fizemos um boneco e nos divertimos de verdade.
Chegamos em Santiago por volta das 17hrs. Saímos para jantar com a galera de Curitiba (num restaurante maravilhoso na esquina da rua do hostel de comida italiana) e conhecemos 2 americanos que também estavam hospedados no hostel, e com eles, depois de um ou dois piscos sour, fomos para um karaoke, típico em Santiago. Bom, os chilenos não são lá muito receptivos com brasileiros não, mas mesmo cantando errado Garota de Ipanema, fomos aplaudidas. Chegamos à conclusão que o melhor é fazer amizade no hostel e ali formar uma turma, pois não podemos contar com beleza e simpatia na balada chilena não.
Centro Portillo
No último dia em Santiago fizemos o clássico passeio ao Mercado Central, Palacio de la Moneda e ainda fomos em todos as galerias e museus que encontramos no caminho, pois era domingo, o dia que a entrada de tudo é gratuita. Infelizmente não conseguimos subir o Cerro San Cristoban, que ficava do lado do nosso hostel, pois deixamos ele por último e nesse dia estava começando a fechar o tempo em Santiago.
Á noite nos despedimos dos nossos novos amigos de Curitiba com o maior hamburguer do mundo no Patio Bellavista(shopping a céu aberto, recheado de restaurantes caros). Domingo à noite em Santiago, ao contrário de cidades como Buenos Aires e São Paulo, não tem muito o que fazer. Tudo fecha cedo e lá não se pode beber na rua. A solução é comprar umas bebidas e ir pra área de confraternização (muito boa, diga-se de passagem) do Hostel.
Na segunda-feira logo cedo pegamos o metrô e fomos para a Estação da Pullman pegar nosso ônibus com destino ao Atacama; São 24 horas de viagem, a parte boa é que o ônibus é super confortável. A parte ruim é que chileno bebe muito, principalmente aqueles que moram na região do Atacama, e ronca MUITO também.
Porém, 5 filmes depois e parando, ao que parecia, de 5 em 5 minutos na estrada (e 1 comprimido de dramin) chegamos em Calama às 17hrs de terça-feira (12/06). Depois de muita falta de informação e muita má vontade, compramos o ticket de ônibus da TURBUS que nos levaria para San Pedro de Atacama. A principal preocupação nesse estágio da viagem era onde iríamos dormir, já que não reservamos nada antes, por recomendação do próprio povo que já foi. Isso porque podemos pechinchar preço pessoalmente. Pegamos o ônibus às 18hrs e chegamos em San Pedro de Atacama às 20:30h. Pra nossa sorte, tinha uma argentina que trabalha em um hostel (laskar hostel), nos oferecendo acomodação por C$5000,00 com água quente (!!!) e wi-fi grátis. Tá ótimo, né? E tava mesmo. O hostel, apesar de parecer uma comunidade hippie, era ótimo e limpo, e há apenas 5 minutos do centro. Super tranquilo. Ficamos em um quarto com um suíço e um alemão, que, diga-se de passagem, eram MUITO gente boa. (Curiosidade: tanto os americanos de Santiago, quanto o suíço e o alemão, moram em Buenos Aires, eles dizem que lá é barato e tem uma qualidade de vida ótima para passar um tempo de "férias" dos seus próprios países. E todos eles já estão voltando pra casa, logo, logo.). No próprio hostel compramos os passeios pelo Atacama. Sim, existe a possibilidade de você fazer alguns passeios por conta própria, principalmente se você alugar uma bike (que também tem no hostel) e tiver disposição. Não é o nosso caso, portanto, compramos todos os passeios. Pechinchamos e conseguimos um descontinho. A essa altura do campeonato, em relação ao clima, no Atacama durante o dia é bem ameno, mas durante a noite precisamos daquele casacão de inverno. E relativamente à comida, no Atacama comemos muito bem, principalmente comendo os Pratos do Dia(pratos promocionais selecionados, que tem entrada, prato principal e uma bebida inclusa que ficam em uma plaquinha na porta do restaurante) do restaurante Adobe, que tinha um garçom que morou no Brasil e falava português e do restaurante da Praça. Em San Pedro, ao contrário de Santiago, não vemos tantos brasileiros por aí. Claro que eles estão lá, mas é mais fácil encontrar europeus.
O primeiro passeio que fizemos saiu à tarde, portanto, tiramos a manhã para andar e conhecer San Pedro de Atacama. A cidade é rústica e cercada de vulcões (calma, são todos inativos). Não tem nada para fazer a não ser conhecer a igreja, andar na pracinha e comprar lembrançinha na feirinha local (se você for à Bolívia, deixe pra comprar lembrança por lá. É muito mais barato). Às 15hrs chegou uma van para nos buscar no hostel e fomos para as Lagunas del Cejar. É uma laguna linda que tem 40% de concentração de sal, portanto, quem se arrisca a nadar nela (todos os europeus da sua excursão vão de fato nadar) vai ficar boiando. Parece ser uma delícia, mas não me arrisquei, já que estava muito frio do lado de fora e a água é gelada na parte de cima, só esquentando mais no fundo. Mas a paisagem desse lugar é impagável. Lindo e cercado de vulcões, o guia nos da uma explanação rápida sobre cada um deles. Ao final do dia o guia abre uma mesa e serve pisco sour com batata Lays para galera. Nesse momento que todos começam a conversar e fazer amizade. Conhecemos uns brasileiros de São Paulo, muito engraçados e uns ingleses com aquele sotaque bom de ouvir. Essa noite nos despedimos dos gringos do nosso quarto, que iam para a Bolívia no dia seguinte, dançando "Ai se eu te pego" (que eu não suporto, mas eles acham a maior graça) e música trance alemã, no quarto. Confesso que a pior parte da viagem é despedir. A gente se apega e logo mais nos separamos. Amizade de um, dois dias, todos mundo longe da família e criando famílias passageiras na estrada. Viva o FACEBOOK.
San Pedro de Atacama
Lagunas del Cejar
No dia seguinte acordamos às 03:30h da madrugada e colocamos um milhão de roupas para aguentar o frio para conhecermos os geysers del tatio. A van nos buscou às 04h e subimos para os Geysers. A visão daquilo é indescritível e, mais uma vez, uma aula de geografia sendo vivida. Mas do frio que sentimos ninguém tinha contado. Era um frio de congelar todos os ossos do corpo, mas valia à pena. Claro, os europeus nadaram na lagoinha quente que tinha por lá e, claro, nós não nos arriscamos (nessa altura do campeonato todos começaram a se decepcionar com a pretensão de ver as brasileiras desinibidas nadando em lagoas com nossos mini biquínis). A excursão também incluía um café da manhã, e aquele chocolate quente descia redondo.
À tarde fizemos nosso último passeio, que era para o Valle de La Luna e Valle da Morte. Inacreditável, fantástico e, fizemos mais uma vez, amizade que vai ficar pra sempre na nossa memória, com uma brasileira de São Paulo que estava viajando sozinha. Esse passeio dá para fazer de bicicleta, mas como já disse, não temos disposição pra tanto. No final da tarde, com um pôr do sol maravilhoso, é servido um lanche e ficamos apenas paradas, embasbacadas, assistindo aquela maravilha. Vale muito à pena.
Geysers
Valle de la Muerte
No dia 15/06, uma sexta-feira, fomos para Bolívia. Compramos no primeiro dia o passeio pela Cordillera Traveler. Pagamos C$98.000,00 para irmos até Uyuni e retornar à San Pedro. Fica a dica para quem, assim como nós, não tem muito tempo para viajar, ao invés de voltar para San Pedro e Santiago, pegue o avião de volta para o Brasil por La Paz. Alem de conhecer outra capital da America Latina, você economiza uma boa grana com esse retorno. Porém, quando compramos as passagens de avião não pensamos nisso tudo, então nosso passeio envolveu ir até lá em cima e voltar tuuudo de novo.
A van foi nos buscar no hostel às 08hrs e passamos na agência para trocar dinheiro (eles mesmos cambiam de peso chileno para peso boliviano) e encontrar o resto do pessoal que iria passar aqueles 4 dias com a gente. Saímos do Chile (migração era há 5 minutos do centro de San Pedro) e 1hr depois chegamos à migração da Bolívia. Era uma casinha pequena, caindo aos pedaços, com 2 guardinhas mal humorados (quem pode culpá-los, no meio do nada, fazendo -12 graus e há 5.200m de altura), que olhavam nossos documentos e, por sorte, só perguntaram por alto sobre a vacina da febre amarela). Lá tomamos nosso café da manhã e nos dividimos em 2 carros, Toyota 4x4, que cabiam 7 pessoas, incluindo o motorista, em cada. Fomos em um carro com uma alemã e um casal de indianos. No outro carro foi um brasileiro, 3 ingleses, 1 irlandês e uma escocesa. Nosso grupo se manteve bem unido a viagem inteira. Entramos na Bolívia por uma reserva ambiental (lá temos que pagar um valor em pesos bolivianos, por isso o cambio na agência, já que o alojamento e a comida está inclusa no preço inicial). Não há estrada e a população local se baseia em índios(eles tem bandeirinha e tudo), daí a necessidade de um carro 4x4, o carro entra em rios, sobe montanhas íngremes e toda aquela aventura de lugares no meio do nada. Literalmente no meio do nada. Mas as paisagens são de tirar o folego. A primeira Laguna que encontramos no caminho se chama Laguna Blanca, é toda congelada (imagina a temperatura local) e maravilhosa. Os carros param para que a gente ande pelo local e tire milhões, literalmente, de fotos. É de deixar qualquer um embasbacado.
Naquele mesmo dia vimos os Geysers da Bolívia, mas o frio é tão grande que, depois de já ter visto geysers antes, confesso que não consegui sair do carro. Após isso seguimos para o alojamento para almoçarmos e descansar pro dia seguinte. Chegamos à tarde, comemos e ficamos sentados tomando chá e conversando.
Bolívia
Laguna Verde
No dia seguinte acordamos às 8hrs e seguimos para a Laguna Colorada, que, como a outra, é maravilhosa, e vimos os primeiros flamingos da viagem. Depois seguimos pra cidade das pedras, onde encontramos a árvore de pedra. Passeamos pela Laguna Verde, os europeus nadaram na piscina natural quente, almoçamos naquele visual incrível e seguimos viagem pelo resto da tarde para chegar ao altiplano boliviano. Lá fomos nos hospedar no Hotel de Sal, e como diz o nome, é um hotel inteiramente feito de sal, inclusive o chão é todo cheio de sal. Lá conseguimos, pela primeira vez, tomar banho. Não, no primeiro alojamento não tem água quente e, te garanto, você não vai se aventurar naquela água gelada. Já o hotel de sal, apesar de não ter muita graça, tem água quente, portanto, faz toda diferença. Nessa região, qualquer coisa quentinha é como se fosse um oásis. No terceiro dia chegamos ao Salar de Uyuni. Encontramos uma ilha toda de cactus, muito interessante e de lá seguimos para as fotos clássicas no meio do deserto de sal. Almoçamos lá e seguimos para a cidade de Uyuni, quando nos despedimos dos que iriam continuar viagem rumo à La Paz ou ao Peru e iniciamos o retorno para San Pedro de Atacama. Chegamos à noite em um alojamento e no dia seguinte chegamos de volta ao Chile.
Árvore de Piedra
Laguna Colorada
Ilha de Cactus
Salar de Uyuni
Foram as 3 noites mais frias da minha vida. Não esqueçam de levar ou alugar um saco de dormir, pois mesmo com ele você congela.
Voltamos a San Pedro e fizemos o Tour mais perda de tempo da vida, o Tour Astronômico. Muito do sem graça e muito caro.
No dia seguinte de manhã voltamos, pela TURBUS, para Santiago e a viagem foi mais rápida, 22hrs. Alguns dramins e filmes depois, chegamos. Ao chegar de volta ao hostel, por volta das 7hrs da manhã, conseguimos mesmo sem reserva um quarto e, pra nossa sorte, o Sr. gente boa estava lá e já nos deixou ir tomar banho, tomar café e ir pro quarto descansar (o check in seria às 14hrs, mas ele quebrou o galho vendo o estado das gurias). Mas não descansamos, andamos pela cidade, passamos no supermercado para comprar pisco e algumas coisas para trazer para o Brasil e à noite conhecemos mais brasileiros na sala de tv do hostel. Foram ótima companhia para os últimos piscos sours e piscolas (Pisco com Coca-Cola) da viagem.
Links:
Nenhum comentário:
Postar um comentário